quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Limite é o melhor filme brasileiro de todos os tempos



Fiquei feliz quando recebi esse e-mail! Achei justíssimo que uma obra tão impactante tenha recebido mais esse reconhecimento: ser eleito o melhor filme brasileiro de todos os tempos. Assisti Limite (1931) em três momentos muito diferentes da minha vida. Aos 10 anos, numa sessão especial, logo depois da exibição de O Garoto (1921), em plena adolescência e anos depois na faculdade de jornalismo. E nas três situações fiquei muito impressionado com o trabalho do diretor Mario Peixoto. É um filme angustiante, plasticamente lindo e que não sai da sua mente após a projeção.
Confira todos os detalhes da eleição da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) e seu ranking das 100 melhores produções do país.

Único longa-metragem dirigido por Mario Peixoto e apresentado pela primeira vez em 1931, "Limite” é o melhor filme brasileiro de todos os tempos, de acordo com o ranking da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), que contou com a participação de 100 críticos e jornalistas especializados do país. 
Em segundo lugar aparece “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), de Glauber Rocha, um dos filmes mais importantes do movimento do Cinema Novo. “Vidas Secas”, de Nelson Pereira dos Santos, baseado no livro homônimo de Graciliano Ramos, lançado em 1963, fecha o pódio brasileiro, na terceira posição.
A lista não se limitou aos longas, com “Ilha das Flores” (1989), de Jorge Furtado, sendo o curta mais votado, ocupando a 13ª colocação. Também não houve distinção entre ficção e documentário, gênero que tem em “Cabra Marcado para Morrer” (1984), de Eduardo Coutinho, o seu representante melhor ranqueado, no quarto posto.
O levantamento da Abraccine é o ponto de partida do livro “Os 100 Melhores Filmes Brasileiros”, que será lançado em 2016, pela editora Letramento, primeiro de uma série de publicações coordenada pela entidade. O livro reunirá ensaios de cada um dos filmes mais votados, escritos pelos principais críticos de cinema do país. 
“Foram citados 379 filmes, número surpreendente para uma cinematografia construída sobre ciclos. Mesmo os que ficaram de fora dos 100 melhores têm a sua contribuição na história do cinema do país, o que nos ajuda a perceber a grandeza de nossa produção”, observa Paulo Henrique Silva, presidente da Abraccine. 
Ele registra que os principais movimentos estão representados no ranking, dos diretores pioneiros como Humberto Mauro e Mario Peixoto e da chanchada à fase de retomada da produção nacional, passando pelo Cinema Novo e pelo Udigrudi. Também não foram esquecidos diretores que tiveram uma carreira singular no cinema brasileiro. 
É o caso de José Mojica Marins, o criador do personagem Zé do Caixão, durante muitos anos o único realizador a trabalhar com o terror. Marins aparece três vezes na lista, com “À Meia-Noite Levarei Sua Alma” (1964), 46º posto, “O Despertar da Besta” (1969), 55º, e “Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver” (1966), 90º. 
Glauber Rocha é o diretor com maior número de citações: cinco. Foram lembrados “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (2º), “Terra em Transe” (5º), “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro” (33º), “ A Idade da Terra” (57º) e “Di” (88º). Com quatro, estão Rogério Sganzerla, Joaquim Pedro de Andrade, Nelson Pereira dos Santos, Hector Babenco e Carlos Reichenbach.  
A Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) foi criada em 2011, tornando-se a primeira entidade nacional a reunir os críticos de cinema do Brasil. Com mais de 100 associados em 14 Estados, a Abraccine organiza os júris da crítica nos principais festivais do país, além de promover debates e seminários. 
Curiosidades 
O filme mais antigo da lista é justamente o que o ocupa o topo do ranking, “Limite”, lançado em 1931, seguido por “Ganga Bruta” (1933), de Humberto Mauro, na 24ª colocação, e “O Cangaceiro” (1953), de Lima Barreto, 64º lugar no cômputo geral. 
A obra mais recente listada entre os 100 melhores é “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert, apresentada nesse ano. “O Lobo Atrás da Porta”, de Fernando Coimbra, exibida em 2013, aparece na 60ª posição. Mesmo ano de “Tatuagem”, de Hilton Lacerda, o 73º mais votado. 
Cinco curtas/médias entraram no ranking de melhores: “Ilha das Flores” (1989), de Jorge Furtado, em 13º lugar; “SuperOutro” (1989), de Edgar Navarro, em 44º; “Di” (1977), de Glauber Rocha, em 88º; “Aruanda” (1960), de Linduarte Noronha, em 94º; e “Blá Blá Blá” (1968), de Andrea Tonacci, em 96º. 

Dos cinco documentários fundamentais da história do cinema brasileiro, os três primeiros têm a assinatura de Eduardo Coutinho.
1) “Cabra Marcado para Morrer” (1984); 2) “Jogo de Cena” (2007);  3) “Edifício Master” (2002). Completam a lista: 4) “Serras da Desordem” (2006), de Andrea Tonacci; e 5) “Santiago” (2007), de João Moreira Salles. 

A lista dos 10 primeiros filmes desse milênio tem: 1) “Cidade de Deus” (2002), de Fernando Meirelles; 2) “O Som ao Redor” (2012), de Kleber Mendonça Filho; 3) “Lavoura Arcaica” (2001), de Luiz Fernando Carvalho; 4) “Jogo de Cena” (2007), de Eduardo Coutinho; 5) “Edifício Master” (2002), também de Coutinho; 5) “Tropa de Elite” (2007), de José Padilha; 6) “Serras da Desordem” (2006), de Andrea Tonacci; 7) “Santiago”, de João Moreira Salles; 8) “Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro” (2010), de José Padilha; 9) “O Invasor” (2002), de Beto Brant; 10) “Abril Despedaçado” (2001), de Walter Salles. 


Ranking da Abraccine 
1.          Limite (1931), de Mario Peixoto 
2.                Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), de Glauber Rocha 
3.          Vidas Secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos 
4.              Cabra Marcado para Morrer (1984), de Eduardo Coutinho 
5.        Terra em Transe (1967), de Glauber Rocha 
6.           O Bandido da Luz Vermelha (1968), de Rogério Sganzerla 
7.          São Paulo S/A (1965), de Luís Sérgio Person 
8.        Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles 
9.        O Pagador de Promessas (1962), de Anselmo Duarte 
10.      Macunaíma (1969), de Joaquim Pedro de Andrade 
11.      Central do Brasil (1998), de Walter Salles 
12.      Pixote, a Lei do Mais Fraco (1981), de Hector Babenco 
13.      Ilha das Flores (1989), de Jorge Furtado 
14.      Eles Não Usam Black-Tie (1981), de Leon Hirszman 
15.     O Som ao Redor (2012), de Kleber Mendonça Filho 
16.     Lavoura Arcaica (2001), de Luiz Fernando Carvalho 
17.          Jogo de Cena (2007), de Eduardo Coutinho 
18.     Bye Bye, Brasil (1979), de Carlos Diegues 
19.     Assalto ao Trem Pagador (1962), de Roberto Farias 
20.     São Bernardo (1974), de Leon Hirszman 
21.     Iracema, uma Transa Amazônica (1975), de Jorge Bodansky e Orlando Senna 
22.     Noite Vazia (1964), de Walter Hugo Khouri 
23.     Os Fuzis (1964), de Ruy Guerra 
24.     Ganga Bruta (1933), de Humberto Mauro 
25.          Bang Bang (1971), de Andrea Tonacci 
26.         A Hora e a Vez de Augusto Matraga (1968), de Roberto Santos 
27.     Rio, 40 Graus (1955), de Nelson Pereira dos Santos 
28.     Edifício Master (2002), de Eduardo Coutinho 
29.     Memórias do Cárcere (1984), de Nelson Pereira dos Santos 
30.          Tropa de Elite (2007), de José Padilha 
31.     O Padre e a Moça (1965), de Joaquim Pedro de Andrade 
32.     Serras da Desordem (2006), de Andrea Tonacci  
33.     Santiago (2007), de João Moreira Salles 
34.     O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969), de Glauber Rocha 
35.     Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro (2010), de José Padilha 
36.     O Invasor (2002), de Beto Brant  
37.     Todas as Mulheres do Mundo (1967), de Domingos Oliveira 
38.     Matou a Família e Foi ao Cinema (1969), de Julio Bressane 
39.     Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), de Bruno Barreto 
40.     Os Cafajestes (1962), de Ruy Guerra 
41.     O Homem do Sputnik (1959), de Carlos Manga 
42.     A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral 
43.     Sem Essa Aranha (1970), de Rogério Sganzerla 
44.     SuperOutro (1989), de Edgard Navarro 
45.     Filme Demência (1986), de Carlos Reichenbach 
46.     À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964), de José Mojica Marins 
47.     Terra Estrangeira (1996), de Walter Salles e Daniela Thomas 
48.     A Mulher de Todos (1969), de Rogério Sganzerla 
49.     Rio, Zona Norte (1957), de Nelson Pereira dos Santos 
50.     Alma Corsária (1993), de Carlos Reichenbach 
51.     A Margem (1967), de Ozualdo Candeias 
52.     Toda Nudez Será Castigada (1973), de Arnaldo Jabor 
53.     Madame Satã (2000), de Karim Ainouz 
54.     A Falecida (1965), de Leon Hirzman 
55.     O Despertar da Besta – Ritual dos Sádicos (1969), de José Mojica Marins  
56.     Tudo Bem (1978), de Arnaldo Jabor (1978) 
57.     A Idade da Terra (1980), de Glauber Rocha 
58.     Abril Despedaçado (2001), de Walter Salles 
59.          O Grande Momento (1958), de Roberto Santos 
60.     O Lobo Atrás da Porta (2014), de Fernando Coimbra 
61.     O Beijo da Mulher-Aranha (1985), de Hector Babenco 
62.     O Homem que Virou Suco (1980), de João Batista de Andrade 
63.     O Auto da Compadecida (1999), de Guel Arraes 
64.     O Cangaceiro (1953), de Lima Barreto 
65.     A Lira do Delírio (1978), de Walter Lima Junior 
66.     O Caso dos Irmãos Naves (1967), de Luís Sérgio Person 
67.     Ônibus 174 (2002), de José Padilha 
68.     O Anjo Nasceu (1969), de Julio Bressane 
69.     Meu Nome é... Tonho (1969), de Ozualdo Candeias 
70.     O Céu de Suely (2006), de Karim Ainouz  
71.     Que Horas Ela Volta? (2015), de Anna Muylaert 
72.     Bicho de Sete Cabeças (2001), de Laís Bondanzky 
73.     Tatuagem (2013), de Hilton Lacerda 
74.     Estômago (2010), de Marcos Jorge 
75.     Cinema, Aspirinas e Urubus (2005), de Marcelo Gomes 
76.     Baile Perfumado (1997), de Paulo Caldas e Lírio Ferreira 
77.     Pra Frente, Brasil (1982), de Roberto Farias 
78.     Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (1976), de Hector Babenco 
79.     O Viajante (1999), de Paulo Cezar Saraceni  
80.          Anjos do Arrabalde (1987), de Carlos Reichenbach 
81.       Mar de Rosas (1977), de Ana Carolina  
82.     O País de São Saruê (1971), de Vladimir Carvalho 
83.     A Marvada Carne (1985), de André Klotzel 
84.     Sargento Getúlio (1983), de Hermano Penna 
85.     Inocência (1983), de Walter Lima Jr. 
86.     Amarelo Manga (2002), de Cláudio Assis 
87.     Os Saltimbancos Trapalhões (1981), de J.B. Tanko 
88.     Di (1977), de Glauber Rocha 
89.     Os Inconfidentes (1972), de Joaquim Pedro de Andrade 
90.     Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1966), de José Mojica Marins 
91.     Cabaret Mineiro (1980), de Carlos Alberto Prates Correia 
92.     Chuvas de Verão (1977), de Carlos Diegues 
93.     Dois Córregos (1999), de Carlos Reichenbach 
94.     Aruanda (1960), de Linduarte Noronha  
95.     Carandiru (2003), de Hector Babenco 
96.     Blá Blá Blá (1968), de Andrea Tonacci 
97.     O Signo do Caos (2003), de Rogério Sganzerla 
98.     O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006), de Cao Hamburger  
99.     Meteorango Kid, Herói Intergalactico (1969), de Andre Luis Oliveira 
100.  Guerra Conjugal (1975), de Joaquim Pedro de Andrade (*) 
101.  Bar Esperança, o Último que Fecha (1983), de Hugo Carvana (*)   
(*) Empatados na última colocação, com o mesmo número de pontos.

2 comentários:

  1. Boa noite, Jorge.
    A Fundação Mário Peixoto estará promovendo um ciclo de ações voltadas para as comemorações dos 85 anos de "Limite", durante o mês de maio de 2016.
    Desde já deixo um convite especial para vc a fim de vir participar das várias ações voltadas para a data.
    Um abraço
    Luciano Heffner
    Assessor cultural / Fundação Mário Peixoto
    Prefeitura Municipal de Mangaratiba

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